
O acidente foi
por volta das 19h desta terça-feira, 22, em um trecho da rodovia BR-361
que cruza o sítio Pau Brasil, município de Itaporanga. Alexandra
Claudino (foto), de 34 anos, moradora da localidade rural, retornava
para casa depois de ter ido pegar água na Agrovila Jesus Cristo. Ela
caminhava com uma carroça de madeira carregada de botijões d'água,
quando foi atropelada por um caminhão da empresa Nordil, que distribui
alimentos no comércio da região.
Todos
os dias, entre o final da tarde e o começo da noite, ela transportava
água para casa com a força dos próprios braços. Tinha que andar cerca
dois quilômetros (ida e volta) empurrando a carroça de mão. Uma lida
cansativa e arriscada devido à grande quantidade de carros que passa
pela rodovia e a alta velocidade dos veículos. No começo desta noite,
foi vítima de um deles.
O
motorista do caminhão, Romário Ruud Gullit Ferreira, de 22 anos, que
reside em Patos, mas seguia para Piancó, onde iria dormir, apresentou-se
na delegacia de Itaporanga após o fato e foi ouvido pelo delegado
Cristiano Santana. Nervoso e chorando muito, ele disse que trafegava
pela rodovia, quando cruzou com um carro, que estava de luz alta e
ofuscou sua visão, ocasionando o atropelamento. Assim que tomaram
conhecimento do acidente, policias militares foram até o local e fizeram
a segurança da área até a retirada do corpo, que, depois do atestado de
óbito expedido pelo hospital, foi entregue aos familiares para o
velório e sepultamento.

Morador
de Patos, onde a empresa tem uma filial, o motorista disse que dirige
desde os 18 anos e é pai de uma criança de três, e tinha começado a
trabalhar na distribuidora recentemente. Depois de ouvido, ele foi
liberado, mas um inquérito será aberto para apurar as circunstâncias do
fato e, dependendo das conclusões da investigação, ele poderá ainda ser
indiciado por homicídio culposo (não intencional). O delegado solicitou o
tacógrafo do veículo para verificar a velocidade em que o carro
trafegava e vai ouvir testemunhas.
Quanto
à vítima, ela vivia com o gari desempregado Givaldo Faustino, tinha uma
filha de 9 anos de outro relacionamento e também cuidava de uma enteada
de 16. Recentemente, a Fundação José Francisco de Sousa realizou uma
campanha pública para angariar donativos para a família, que é
extremamente pobre.
Alexandra
e sua filha não tinham registro de nascimento, e a fundação havia
protocolado na Justiça pedido do registro civil de mãe e filha como meio
de livrá-las da total exclusão social a que estavam submetidas por
falta de documento. A mulher já não existia para a lei, e agora
desaparece também de fato. Quem nunca teve um registro de nascimento
terá agora um atestado de óbito.
Situação
delicada é de sua filha: uma criança que já não tinha o pai e agora
também perde a mãe, sua única referência familiar. Abalada pela
tragédia, a criança passou mal e teve que ser hospitalizada. A menina
deverá ficar com uma das tias.
@folhadosertao
com folhadovali
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